As edições do Corpore Technical abordam diversos assuntos
importantes relacionados à atividade física, alimentação e saúde em geral. Os
autores dos artigos são professores das unidades Corpore.
A obesidade infantil tem chegado a níveis alarmantes,
especialmente nos últimos anos. Isso motivou um dos profissionais da Corpore a
escrever sobre o assunto.
Abaixo compartilhamos com vocês este artigo interessante do
profissional da Corpore Rafael Facião Barreto, que tem Licenciatura/Bacharelado
em Educação Física pela Universidade Paulista de Araraquara. Vale a pena se
informar sobre o assunto!
Obesidade infantil
A obesidade infantil tem chegado a níveis nunca alcançados,
tendo um aumento exacerbado nos últimos anos, tanto que no Brasil, segundo os
dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) coletados nas regiões Nordeste e
Sudeste, em 1997, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(10), aproximadamente 12,2% das mulheres e 7% dos homens são obesos. De acordo
com Kaufman, há no Brasil cerca de 3 milhões de crianças com menos de 10 anos
de idade que sofrem de obesidade. A principal preocupação está no fato de que a
população de obesos dobrou, em relação há vinte anos, isto é, a obesidade não
para de crescer. Mostra-se que a obesidade infantil é uma doença crônica, que
pode ocorrer por vários fatores genéticos (endógenos) e ambientais (exógenos),
porém a obesidade causada por problemas genéticos tem um percentual bem menor,
sendo 95 % por fatores exógenos e apenas 5% por fatores endógenos.
Essa disfunção ocorre principalmente pelo fato das crianças
se alimentarem de forma incorreta, sedentarismo, a facilidade dos fast-foods e comidas
industrializadas reforçam os hábitos alimentares.
A televisão, jogos eletrônicos, computadores, videogames
entre outros tiram o foco das crianças em relação à atividade física, fazendo que
eles tenham hábitos que tendem ao sedentarismo.
Segundo Ana Paula de Almeida Amaral Pimenta e Alexandre
Palma em relação ao hábito de assistir TV, tanto os meninos quanto as meninas relataram
dedicar mais de duas horas por dia em média a este passatempo, caracterizando a
tendência de se ocuparem com uma atividade que demande menos energia, inclusive
porque o tempo semanal destinado a atividades físicas foi bem menor, e a
correlação entre ambas as atividades foram fortes e em sentidos opostos.
Apesar de nada comprovado, o aleitamento materno vem sendo
apontado como uma forte arma na prevenção da obesidade infantil, se o bebê
parar de mamar precocemente e começar uma alimentação inadequada pode levar a
obesidade logo nos seus primeiros anos de vida, levando em conta também que o
aleitamento materno contribui para adquirir hábitos alimentares saudáveis. Geni
Balaban e Giselia A.P. Silva apontam que além da possível prevenção da
obesidade infantil o aleitamento materno ajuda muito para fortalecer o vínculo
entre mãe-filho, considera-se também que aspectos comportamentais positivos do leitamento materno contribuam para uma dieta
mais tranquila e para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis. É de
fundamental importância para o tratamento da obesidade infantil, as mudanças de
hábitos alimentares e a prática de exercício físico, tanto da criança como da
família, para servir de exemplo, o que é muito importante na infância. É
interessante que a criança goste dos profissionais que forem tratar a obesidade
e tanto quanto do programa de exercícios montado pra ela, pois o tratamento da
obesidade não é algo de curto prazo.
Recomenda-se fazer a combinação dos exercícios aeróbios e
anaeróbios, como caminhada, natação, ciclismo, trabalho de musculação com
devidos cuidados, exercícios de forma lúdica idealizando a resistência. Não se
devem prescrever exercícios de alto impacto, pois podem gerar lesões nas articulações,
também não são recomendadas algumas condições que podem levar ao desconforto,
como pouca ventilação, muito calor, roupas inadequadas. Roy J. Shephard aponta
que o exercício físico em criança tem de ser muito bem aplicada pra não ocorrer
risco de complicações, mas quando vem com o propósito de proporcionar o bem-estar
se torna muito positivo, não somente na ajuda do combate à obesidade mas também
no tratamento e prevenção de diversas doenças, no convívio social, na prática
de atividades e exercícios físicos no futuro. Arli Ramos de Oliveira, Andrei Guilherme
Lopes e Sidiclei Risso afirmam que os cuidados com a sobrecarga se fazem
necessários ao relacionar o treinamento com o crescimento ósseo, pois este
ainda não se encontra em sua formação final.
Crianças e jovens que praticam
atividade física sem controle de carga podem sofrer micro traumatismos na
junção das unidades músculo-tendinosas ao osso. Durante esse período, músculos,
tendões e ligamentos são de duas a cinco vezes mais fortes que suas inserções
nos ossos, podendo resultar em inflamação ou lesão. Deve-se evitar: a técnica incorreta
na realização dos exercícios (má execução motora e/ou excesso de carga), a
ansiedade em querer fazer muito em pouco tempo, aumentando subitamente a
intensidade, não respeitando a individualidade biológica; a especialização
precoce, resultando em estresse mecânico sobre as estruturas
músculo-tendinosas, ligamentosas e ósseas.
Em nenhum momento aponta-se que a obesidade infantil não tem
reversão, porém por ser de muita dificuldade o seu tratamento, vem sendo considerado
a prevenção como o melhor caminho, começando o mais cedo possível, desde a
alimentação materna como a prática de atividade física assim que possível.
O porque de se prevenir ou tratar quanto antes a obesidade infantil
é que segundo a autora Ludmila Dalben Soares e o autor Edio Luiz Petrosk 70%
das crianças obesas tornaram-se adultos obesos e a obesidade infantil foi relacionada
com diversos níveis de risco para os adultos.
Sendo assim a probabilidade de uma criança obesa se tornar
um adulto obeso é muito grande.
Autor: Rafael Facião Barreto
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http://sbafs.org.br/_artigos/302.pdf
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http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86921998000400002&script=sci_arttext
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