quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Corpore Technical: obesidade infantil

As edições do Corpore Technical abordam diversos assuntos importantes relacionados à atividade física, alimentação e saúde em geral. Os autores dos artigos são professores das unidades Corpore.
A obesidade infantil tem chegado a níveis alarmantes, especialmente nos últimos anos. Isso motivou um dos profissionais da Corpore a escrever sobre o assunto.

Abaixo compartilhamos com vocês este artigo interessante do profissional da Corpore Rafael Facião Barreto, que tem Licenciatura/Bacharelado em Educação Física pela Universidade Paulista de Araraquara. Vale a pena se informar sobre o assunto!

Obesidade infantil

A obesidade infantil tem chegado a níveis nunca alcançados, tendo um aumento exacerbado nos últimos anos, tanto que no Brasil, segundo os dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida (PPV) coletados nas regiões Nordeste e Sudeste, em 1997, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (10), aproximadamente 12,2% das mulheres e 7% dos homens são obesos. De acordo com Kaufman, há no Brasil cerca de 3 milhões de crianças com menos de 10 anos de idade que sofrem de obesidade. A principal preocupação está no fato de que a população de obesos dobrou, em relação há vinte anos, isto é, a obesidade não para de crescer. Mostra-se que a obesidade infantil é uma doença crônica, que pode ocorrer por vários fatores genéticos (endógenos) e ambientais (exógenos), porém a obesidade causada por problemas genéticos tem um percentual bem menor, sendo 95 % por fatores exógenos e apenas 5% por fatores endógenos.

Essa disfunção ocorre principalmente pelo fato das crianças se alimentarem de forma incorreta, sedentarismo, a facilidade dos fast-foods e comidas industrializadas reforçam os hábitos alimentares.
A televisão, jogos eletrônicos, computadores, videogames entre outros tiram o foco das crianças em relação à atividade física, fazendo que eles tenham hábitos que tendem ao sedentarismo.

Segundo Ana Paula de Almeida Amaral Pimenta e Alexandre Palma em relação ao hábito de assistir TV, tanto os meninos quanto as meninas relataram dedicar mais de duas horas por dia em média a este passatempo, caracterizando a tendência de se ocuparem com uma atividade que demande menos energia, inclusive porque o tempo semanal destinado a atividades físicas foi bem menor, e a correlação entre ambas as atividades foram fortes e em sentidos opostos.

Apesar de nada comprovado, o aleitamento materno vem sendo apontado como uma forte arma na prevenção da obesidade infantil, se o bebê parar de mamar precocemente e começar uma alimentação inadequada pode levar a obesidade logo nos seus primeiros anos de vida, levando em conta também que o aleitamento materno contribui para adquirir hábitos alimentares saudáveis. Geni Balaban e Giselia A.P. Silva apontam que além da possível prevenção da obesidade infantil o aleitamento materno ajuda muito para fortalecer o vínculo entre mãe-filho, considera-se também que aspectos comportamentais positivos do  leitamento materno contribuam para uma dieta mais tranquila e para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis. É de fundamental importância para o tratamento da obesidade infantil, as mudanças de hábitos alimentares e a prática de exercício físico, tanto da criança como da família, para servir de exemplo, o que é muito importante na infância. É interessante que a criança goste dos profissionais que forem tratar a obesidade e tanto quanto do programa de exercícios montado pra ela, pois o tratamento da obesidade não é algo de curto prazo.

Recomenda-se fazer a combinação dos exercícios aeróbios e anaeróbios, como caminhada, natação, ciclismo, trabalho de musculação com devidos cuidados, exercícios de forma lúdica idealizando a resistência. Não se devem prescrever exercícios de alto impacto, pois podem gerar lesões nas articulações, também não são recomendadas algumas condições que podem levar ao desconforto, como pouca ventilação, muito calor, roupas inadequadas. Roy J. Shephard aponta que o exercício físico em criança tem de ser muito bem aplicada pra não ocorrer risco de complicações, mas quando vem com o propósito de proporcionar o bem-estar se torna muito positivo, não somente na ajuda do combate à obesidade mas também no tratamento e prevenção de diversas doenças, no convívio social, na prática de atividades e exercícios físicos no futuro. Arli Ramos de Oliveira, Andrei Guilherme Lopes e Sidiclei Risso afirmam que os cuidados com a sobrecarga se fazem necessários ao relacionar o treinamento com o crescimento ósseo, pois este ainda não se encontra em sua formação final. 
Crianças e jovens que praticam atividade física sem controle de carga podem sofrer micro traumatismos na junção das unidades músculo-tendinosas ao osso. Durante esse período, músculos, tendões e ligamentos são de duas a cinco vezes mais fortes que suas inserções nos ossos, podendo resultar em inflamação ou lesão. Deve-se evitar: a técnica incorreta na realização dos exercícios (má execução motora e/ou excesso de carga), a ansiedade em querer fazer muito em pouco tempo, aumentando subitamente a intensidade, não respeitando a individualidade biológica; a especialização precoce, resultando em estresse mecânico sobre as estruturas músculo-tendinosas, ligamentosas e ósseas.

Em nenhum momento aponta-se que a obesidade infantil não tem reversão, porém por ser de muita dificuldade o seu tratamento, vem sendo considerado a prevenção como o melhor caminho, começando o mais cedo possível, desde a alimentação materna como a prática de atividade física assim que possível.

O porque de se prevenir ou tratar quanto antes a obesidade infantil é que segundo a autora Ludmila Dalben Soares e o autor Edio Luiz Petrosk 70% das crianças obesas tornaram-se adultos obesos e a obesidade infantil foi relacionada com diversos níveis de risco para os adultos.

Sendo assim a probabilidade de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é muito grande.

Autor: Rafael Facião Barreto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01. Ludmila Dalben Soares, Edio Luiz Petroski. Prevalência, fatores etiológicos e tratamento da
obesidade infantil, Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v 5 – n
1 – p. 63-74 – 2003. http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:KNjEIr1YV8gJ
:scholar.google.com/++Preval%C3%AAncia,+fatores+etiol%C3%B3gicos+e+tratamento+
da+obesidade+infantil&hl=pt-BR&as_sdt=0,5&as_vis=1
02. Ana Paula de Almeida Amaral Pimenta, Alexandre Palma. Perfil epidemiológico da obesidade
em crianças: relação entre televisão, atividade física e obesidade, Revista Brasileira Ciência.
e Movovimento. Brasília v. 9 n. 4 p. 1 9 - 2 4 2001. http://bmesportes.hd1.com.br/artigos/
obesidade/obesidade15.pdf
03. Maria Arlete M.S. Escrivão, Fernanda Luisa C. Oliveira, José Augusto de A.C. Taddei,
Fábio Ancona Lopez. Obesidade exógena na infância e na adolescência, Jornal da
pediatria, Rio de Janeiro v.59 n.3 2000 http://www.jped.com.br/conteudo/00-76-S305/
port_print.htm
04. Geni Balaban, Giselia A.P. Silva. Efeito protetor do aleitamento materno contra
obesidade infantil, Jornal da pediatria, Rio de Janeiro Vol. 80, Nº1, 2004
http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v80n1/v80n1a04.pdf
05. Arli Ramos de Oliveira1, Andrei Guilherme Lopes, Sidiclei Risso. Elaboração de Programas
de Treinamento de Força para Crianças, Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina,
v. 24, p. 85-96, 2003 http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/3662
06. Elza D. de Mello, Vivian C. Luft, Flavia Meyer Obesidade infantil: como podemos ser
eficazes? Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro - Vol. 80, Nº3, 2004 http://www.scielo.br/pdf/
jped/v80n3/v80n3a04.pdf
07. Roy J. Shephard. Custos e benefícios do exercício físico na criança. Revista Brasileira de
Atividade Física e Saúde – Vol. 1, Pág.66-84. 1995. http://sbafs.org.br/_artigos/302.pdf
08. José Kawazoe Lazzoli, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, Tales de Carvalho, Marcos Aurélio
Brazão de Oliveira, José Antônio Caldas Teixeira, Marcelo Bichels Leitão et al. Atividade física
e saúde na infância e adolescência, Revista Brasileira Medicina Esporte - Vol. 4, Nº 4, 1998
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-86921998000400002&script=sci_arttext


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