quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Hérnia de disco: abordagem terapêutica para a melhor qualidade de vida

Você provavelmente já ouviu falar sobre hérnia de disco. Mas será que sabe, de fato, o que é este problema? Ou ainda, conhece os caminhos existentes para tratá-lo?

No artigo abaixo, Leandro Barco, fisioterapeuta osteopata da Clínica Corpore Piracicaba, fala exatamente sobre os métodos que podem oferecer melhor qualidade de vida a pacientes com hérnia de disco.

HÉRNIA DE DISCO
Abordagem Terapêutica Para A Melhor Qualidade De Vida

Leandro Barco



A postura é importante para que nossa coluna não venha sofrer tensão e fadiga, podendo resultar em dor e deformidades. Ela contribui para o equilíbrio do corpo, exerce influência e recebe forças que se entrelaçam com a cadeia de movimentos de longo alcance (EVANS, 2003).

A coluna pode ser definida como sendo o verdadeiro eixo do corpo humano, ou seja, “é a porção hidráulica sustentadora de peso e absorvedora de choques”. Formada por curvaturas fisiológicas, vértebras e os discos intervertebrais e ainda pelos processos e facetas articulares, mecanismos essenciais para o movimento (KISNER & COLBY, 1998).

Quando a anatomia, fisiologia e a biomecânica da coluna e principalmente do disco intervertebral, nas condições normal, patológica e no envelhecimento forem analisadas, a fisiopatologia doente ou deformada torna-se clara (EVANS, 2003).

A maioria como 80% da população adulta experimentará dor musculoesquelética aguda em algum momento de suas vidas (NACHEMSON 1975).

A hérnia de disco surge de pequenos traumas na coluna que com o tempo vão lesando as estruturas do disco, principalmente quando ocorrem movimentos bruscos de flexão e torção da coluna, pois estes favorecem que o núcleo rompa o anel fibroso que se hernia (RICARD, 2002).

As protusões posteriores ou póstero-laterais são as mais comuns. A parte posterior do anel fibroso tende a ser mais fraca onde há constante contração das fibras do ligamento longitudinal posterior que auxiliam a esclarecer a frequência das hérnias de disco posterolaterais. Na posição ereta estática, os músculos eretores da coluna estão inativos, exceto quanto ao tônus (KENDALL, 1980 & HENNAMANN, 1994).

Por isso, só ocorre dor originaria desses músculos quando eles tiverem sido traumatizados ou estiverem contraídos por longo período de tempo. Os métodos disponíveis para que se complemente o diagnóstico clínico da hérnia são: o Raio-X, tomografia computadorizada, podendo ser combinada com mielografia ou ressonância nuclear magnética (SALTER, 2001).

O tratamento conservador, além do baixo custo, resulta em boa recuperação em aproximadamente 90% dos pacientes com hérnia de disco. Pois ao minimizar o quadro de dor o indivíduo não corre risco pertinente de toda cirurgia de coluna, além de não apenas tratar o disco enfermo, mas também aprimorar a flexibilidade, e talvez, abrandar crises recidivantes. Porém, quando a dor não apresentar retrocesso após seis a oito semanas deste tratamento, recomenda-se intervenção cirúrgica, que ocorre em apenas de 10% dos casos (ORTIZ, 2000).

O principal objetos desse texto é citar a atuação multidisciplinar oferecida em nossa clinica para o tratamento conservador, pré e pós cirúrgico da intervenção na hérnia de disco e alterações da coluna vertebral.

Fatores desencadeantes das alterações na coluna podem estar associados a relações genéticas ou fatores externos como por exemplo:

- movimentos repetitivos inadequados, como levantar peso de forma incorreta;

- problemas posturais;

- traumatismos: esforço exagerado, movimentos bruscos ou acidentes que atingem a coluna;

- excesso de peso: força exagerada sobre as vértebras;

- falta de atividade física;

- trabalho repetitivo;

- vibrações;

- psicológicos e psicossociais;

- idade: mesmo sem esforços exagerados, indivíduos mais idosos são sujeitos à doença devido à degeneração do disco pela própria idade (FRYMOYER, 1999).

Como forma de atuação nas alterações na coluna vertebral, há uma extrema importância da melhora da força e estabilidade muscular, biomecânica articular e equilíbrio das informações neurais.

(BARR et al.2005) definiram a estabilidade como um processo dinâmico que inclui posições estáticas e movimento controlado. Isso inclui um alinhamento em posições sustentadas e padrões de movimento que reduzam a tensão tecidual, evitem causas de trauma para as articulações ou tecidos moles, e forneçam ação muscular eficiente.

A instabilidade lombar tem sido sugerida como causa de desordens funcionais e tensões, assim como dor. A força de deformação dos ligamentos dos discos induzida por cargas passivas da coluna dessensibiliza os mecanoceptores teciduais, diminuindo ou eliminando a força estabilizadora muscular (SOLOMONOW M ET AL. 1999)

Entre as técnicas utilizadas, encontra-se o conceito da estabilização segmentar lombar (ESL), caracterizada por isometria, baixa intensidade e sincronia dos músculos profundos do tronco, com o objetivo de estabilizar a coluna lombar, protegendo sua estrutura do desgaste excessivo (RICHARDSON C, 1995).

A OSTEOPATIA foi o primeiro método de tratamento mediante manipulações. Seu criador Andrew Taylor Still (1864) pensava que, quando todas as partes do corpo estão em ordem, este se encontra são. E, ao contrário, quando não estão, pode instalar-se uma enfermidade. A OSTEOPATIA é uma concepção diagnóstica e terapêutica manual das disfunções de mobilidade articular e tecidual em geral. Refere-se a um sistema terapêutico baseado na crença de que o corpo, em sua função estrutural normal e com nutrição adequada, é capaz de se defender contra a maior parte das condições patológicas.

O osteopata procura conquistar a mecânica corporal normal para a boa saúde. O sistema músculo esquelético está intimamente ligado a outros sistemas do corpo pelos sistemas nervosos voluntário e involuntário; isso indica que o sistema músculo-esquelético é um espelho da boa saúde e da doença.

Outro método muito bem utilizado é o Pilates® desenvolvido por Jopeph Pilates no início da década de 1920 tem como base um conceito denominado de contrologia(12). Segundo Pilates (PILATES JH, 2000), contrologia é o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo. É a correta utilização e aplicação dos mais importantes princípios das forças que atuam em cada um dos ossos do esqueleto, com o completo conhecimento dos mecanismos funcionais do corpo, e o total entendimento dos princípios de equilíbrio e gravidade aplicados a cada movimento, no estado ativo, em repouso e dormindo. Os exercicios do método Pilates® são, na sua maioria, executados na posição deitada, havendo diminuição dos impactos nas articulações de sustentação do corpo na posição ortostática e, principalmente, na coluna vertebral, permitindo recuperação das estruturas musculares, articulares e ligamentares particularmente da região sacrolombar(PILATES JH, 2000). O sistema básico inclui um programa de exercícios que fortalecem a musculatura abdominal e paravertebral, bem como os de flexibilidade da coluna, além de exercícios para o corpo todo (GALLAGHER SP, 1999).

Observando sempre o indivíduo de forma global, a Clínica Corpore disponibiliza um trabalho multidisciplinar na busca da melhora dos sintomas e da estrutura do praticante de atividade física. Com uma comunicação interdisciplinar constante, a evolução física do indivíduo acaba sendo inevitável.


Bibliografia:

Barr KP, Griggs M, Cadby T. Lumbar stabilization: core concepts and current literature, part 1. Am J Phys Med Rehabil. 2005;84:473-80.
Disponivel em: http://fisioterapiabaraogeraldo.blogspot.com.br/

EVANS, R.C; Exame Físico Ortopédico Ilustrado. 1ª ed. São Paulo:Manole, 2003.

FRYMOYER, J. W. et al. Lombalgias e transtornos do disco intervertebral. In: Cirurgia Ortopédia de Campbell. vol.5. 8.ed. São Paulo: Manole,1999. cap 84, 3997-4097.

Gallagher SP, Kryzanowska R, editors. The Pilates® method of body conditioning. Philadelphia: Bain Bridge Books, 1999.

HENNEMMANN,S.A.,SCHUMACHER,W., Hérnia de Disco Lombar: revisão de conceitos atuais., Rev. Bras. Ort. v.29, n.3, p.115-126, Março 1994.

KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K. Músculos: 2 ed.Provas e funções. São Paulo: Manole, 1980.

KISNER, C.; COLBY, L. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e técnicas. 3.ed.São Paulo: Manole, 1998.

Nachemson A.L; Andersson G.B.J. Classification of low back pain. Presented to the International Society for Study of the Lumbar Spine, London, 1975


ORTIZ, J.; ABREU, A. D. Tratamento cirúrgico das hérnias discais lombares em regime ambulatorial. Revista Brasileira de Ortopedia – Vol.35, nºs 11/12 – Nov/Dez, 2000.

Pilates JH. The complete writings of Joseph H. Pilates: Return to life through contrology and your health. In: Sean P, Gallagher PT, Romana Kryzanowska, editors. Philadelphia: Bain Bridge Books, 2000.


RICARD, F.; SALLÉ, J. L. Tratado de Osteopatia: Teórico e prática. São Paulo: Robe, 2002.

Richardson C, Jull G. Muscle control, pain control: What exercises would you prescribe? Man Ther.1995;1:2-10.


SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético. 3.ed. São Paulo: Medsi, 2001.

Solomonow M, Zhou BH, Baratta RV, Lu Y, Harris M. Biomechanics of increased exposure to lumbar injury caused by cyclic loading, Part 1: loss of reflexive muscular stabilization. Spine. 1999; 24: 2426-34.



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